sábado, 29 de junho de 2013

Crazy Horse – a melhor banda de apoio do mundo

O Crazy Horse é incontestavelmente o maior colaborador musical de Neil Young, são aqueles que parecem melhor transparecer o real espírito do canadense. O seu som pode ser comparado ao de uma boa banda de garagem: cheio de força e paixão, imperfeito, inclemente e rústico. Já provaram ser o grupo perfeito para a sonoridade de Young, criando um fundo musical apocalíptico para suas belas composições, fazendo um interessante contraponto entre o delicado e o rude.

Os primórdios: Danny & the Memories e o The Rockets

As origens da banda se dão por volta de 1963, em Los Angeles, como o grupo-vocal de Doo-Woop Danny & the Memories, sendo liderado por Danny Whitten como vocalista principal e contando com Lou Bisbal (mais tarde substituído por Bengiamino Rocco), Billy Talbot e Ralph Molina como vocalistas de apoio. Lançaram apenas alguns singles de pouco sucesso antes de encerrar suas atividades.
Danny resolve mudar-se para São Francisco junto com seus amigos Talbot e Molina durante o período de explosão do Folk Rock na cidade, onde bandas como os Byrds e o Jefferson Airplane começavam a fazer muito sucesso. Juntaram-se aos irmãos e guitarristas Leon e George Whitsell e ao violinista Bobby Notkoff e fundaram o The Rockets, com quem gravaram seu único e homônimo álbum em 1968. No mesmo ano o canadense Neil Young promovia seu álbum de estreia, convidou o The Rockets – a quem havia conhecido em seus últimos dias no Buffalo Springfield – para abrirem algumas de suas apresentações no famoso Whisky A Go-Go, em Los Angeles.
Em uma das noites ao executar uma Jam com o grupo ele percebeu que ali existia uma ligação quase que espiritual, parece até que aqueles caras haviam nascido para fazer parte da sua banda.

O cavalo louco

No inicio do ano seguinte enquanto se preparava para gravar o seu segundo álbum, Neil queria algumas mudanças em relação ao seu primeiro LP e pensou logo em convidar seus amigos do The Rockets para o ajudarem nas gravações.
Contactou Danny e pediu que ele reduzisse o número de membros do seu grupo para três, a fim de criar uma sonoridade mais pesada e rústica para servir de contraste a sua estreia baseada no Folk Rock que ele mesmo já vinha produzindo com o Buffalo Springfield. O guitarrista então demitiu os irmãos Whitsell e o violinista Notkoff, restando apenas ele e seus velhos companheiros Billy Talbot e Ralph Molina. Esse era o fim prematuro do The Rockets que reduziam seu número de colaboradores e eram batizados por seu novo padrinho como Crazy Horse – uma justa homenagem ao chefe indígena dos Sioux que nunca foi derrotado em batalha pelo exercito americano – representando toda a força daquele grupo.
As gravações rolaram entre janeiro e março de 1969 no Wally Heider Recording, um estúdio californiano muito requisitado pelo pessoal do Country/Folk americano e o favorito de gente como John Fogerty do Creedence Clearwater Revival.
Young fazia de tudo para que as músicas soassem o mais natural possível, registrando tudo em poucos takes e mantendo as canções em sua forma primal para criar o efeito “ao vivo em estúdio”.
O resultado final se mostrou excelente! Tornando Everybody Knows This Is Nowhere um dos mais aclamados da carreira de ambos ajudando o grupo a sair da obscuridade em que se encontrava.

Estreia gloriosa e a guerra pessoal de Danny

Satisfeito com seu recente lançamento, Neil começou a trabalhar em seu terceiro LP ainda em 1969; seus planos iniciais eram de novamente contar com a Crazy Horse como banda de apoio, mas o já crescente vicio de Danny em drogas pesadas o fizeram abortar a ideia durante as gravações do disco – gravando apenas 4 faixas com o grupo – e requisitar a ajuda de alguns amigos como o pianista/produtor Jack Nitzsche (que já havia trabalhado com Phil Spector e os Stones) e o talentoso guitarrista Nils Lofgren (ainda um adolescente na época que havia sido descoberto por Neil tocando em bares de Washington) para concluir o disco no ano seguinte.
Mesmo com a saúde fragilizada de Danny, a banda descola um contrato com a Reprise – mesma gravadora de Young – e sai em uma mini-tour preparatória para gravarem o seu primeiro álbum solo, neste período o grupo se transforma em um quinteto com a chegada de Nitszche e Lofgren que conheceram durante as sessões de After the Gold Rush.
Em 1970 finalmente começaram de fato a gravar o tão aguardado álbum, que foi concluído em meio a muitas brigas internas e a pressão da gravadora que perdeu a paciência com o grupo e colocou o LP na geladeira até o ano seguinte. Quando o disco saiu em fevereiro de 1971, Nitzsche e Lofgren já haviam caído fora, enquanto Danny foi sumariamente demitido de seu próprio grupo por ser tornar disperso e incoerente devido ao seu abuso de drogas. O guitarrista morreria tragicamente no ano seguinte, em 15 de novembro de 1972, com sua saúde extremamente debilitada vitima de overdose.

Tempos difíceis

Após um pequeno hiato Talbot e Molina reativam a banda para cumprir um seu contrato com a Reprise que os obrigava a gravarem mais dois discos pelo selo, em meio a muitas mudanças de formação em que convocaram alguns dos ex-companheiros do The Rockets e outros músicos vindos do underground californiano colocaram no mercado os fracos Loose e At Crooked Lake, respectivamente em janeiro e outubro de 1972.
Com o fracasso eles entram novamente em hiato – que desta vez duraria cerca de 4 anos – com Talbot e Molina apenas contribuindo de forma informal  com Neil Young, em 1973, ambos fizeram parte do supergrupo The Santa Monica Flyers ao lado do seu ex-companheiro Nils Lofgren e do guitarrista Ben Keith, auxiliando na gravação do deprimente Tonight’s the Night – que foi engavetado pela Reprise até 1975 – e deram a banda como terminada assim que concluíram as gravações do álbum.

Renascimento

Em 1975 após o seu período mais negro onde gravou a sua conhecida “Trilogia da Sarjeta” – Time Fades Away (1973), On the Beach (1974) e Tonight’s the Night (1975)Young solicita aos seus amigos que voltem a ativa ao apresenta-los ao guitarrista Frank 'Poncho' Sampedro, já nos primeiros ensaios 'Poncho' se mostra o cara certo para o grupo reavivando o espírito selvagem da Crazy Horse que estava adormecida desde a conturbada saída de Danny Whitten.
Com um som mais denso e pesado gravam na integra o clássico Zuma em parceria com Neil Young, que surge como uma espécie de renascimento artístico de ambos. Daí pra frente contribuem em diversos de seus álbuns e shows, aproveitando o bom momento gravam em 1978 o seu quarto disco de estúdio intitulado Crazy Moon, que mostra o quanto a chegada de 'Poncho' fez bem a banda.

Problemas internos e a parceria duradoura

Em 1986 quando rolavam as gravações de Life, vários desentendimentos entre Young e a banda  aconteceram o que resultou na demissão da Crazy Horse e numa posterior debandada de 'Poncho', sem guitarrista fixo eles contrataram a dupla Sonny Mone e Matt Piucci pata auxiliarem em seu próximo álbum Left for Dead de 1989. A fraca recepção de fãs e critica culminou na volta do guitarrista quando fizeram as pazes com Neil e gravaram com ele o LP Ragged Glory em 1990. A Crazy Horse permaneceu em plena atividade durante os próximos 12 anos, auxiliando Neil Young em seus álbuns e marcando presença frequente em seus shows, chegaran a abandonar a ideia de gravação de um novo álbum próprio para cumprirem as extensas turnês que se sucederam ano após ano. Em 2002 durante as gravações de Greendale, 'Poncho' abandona mais uma vez o grupo, agora amigavelmente a pedido de Young que desejava acrescentar o som de uma única guitarra (no caso a sua) no seu novo trabalho.

Um novo recomeço

Após o termino de Greendale, o grupo resolve dar um tempo em suas carreiras ficando inativo por cerca de 10 anos, quando saem de sua aposentadoria para uma volta triunfal ao lado de seu tutor na gravação da excelente dobradinha Americana e Psychedelic Pill em 2012.
Provando mais uma vez que o espírito da Crazy Horse continua vivido, poderoso e selvagem.


Discografia básica:

Discografia (Pré-Crazy Horse):
The Rockets (1968)

Discografia (solo):
Crazy Horse (1971)
Loose (1972)
At Crooked Lake (1972)
Crazy Moon (1978)
Left for Dead (1989)

Discografia (com Neil Young):
Everybody Knows This Is Nowhere (1969)
After the Gold Rush (1970)*
Tonight’s the Night (1975)*
Zuma (1975)
American Stars ‘n Bars (1976)*
Comes a Time (1978)*
Rust Never Sleeps (1979)
Live Rust (1979)
Re-ac-tor (1981)
Trans (1982)*
Life (1987)
Ragged Glory (1990)
Weld (1991)
Arc (1991)
Sleeps with Angels (1994)
Broken Arrow (1996)
Year of the Horse (1997)
Are You Passionate? (2002)*
Greendale (2003)
Americana (2012)
Psychedelic Pill (2012)

*álbuns gravados apenas parcialmente como banda de apoio.

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